O que dizes tu?

O Lado Nada Sexy da Vida de Freelancer
Imagem que ilustra a vida caótica de um freelancer

Ser freelancer é bom? É, pois. Mas este texto não é para falar sobre as maravilhas desta vida.
Este texto quer mostrar-te o outro lado. No fundo, estou aqui para te falar d’O Lado Nada Sexy da Vida de Freelancer.

Começo por te dizer que às vezes acontece que consigo tirar a sexta-feira para fazer pouca coisa.

Sim, essa é a parte boa da vida de freelancer. A gestão que podes fazer dos teus dias, dos teus projectos, dos clientes que aceitas. Claro que sim. É óptimo.

Trabalho de manhã e à tarde leio, escrevo, passeio. Bem bom. Não é?
Mas como não quero que fiques a pensar que tenho uma vida santa, e que estou para aqui a fazer pouco de quem trabalha, vou então mostrar-te O Lado Nada Sexy da Vida de Freelancer.

Afinal de contas, ser patrão de mim próprio tem de ter algum tipo de benefício à vista. Certo?
Não posso guardar os benefícios só para os copys que escrevo para os meus clientes. Nada disso.

E qual é o benefício maior desta vida de freelancer? Essa é fácil.
Aquele que usei para a descrição da minha função no LinkedIn: ser o comandante supremo dos meus dias.

Ou seja, posso decidir, muito rápido, o que faço, quando é que faço e onde é que o faço.
Incrível, não é? É, pois.

Só que a vida de freelancer não é só “frescura”, como dizem os nossos irmãos brasileiros. Nada disso.

Queres ver bem a quantidade de coisas que faço, sozinho, num dia normal?

*** Um Dia (de loucos) na Minha Vida ***

Pois bem, aqui fica uma lista de 20 coisas que faço, quase todos os dias, durante o “horário” (coisa que não está definida) de trabalho.

1. Enviar propostas.

Grande parte do meu tempo é passado nisto.
Só para teres uma ideia, só em 2021, já me foram pedidas 16 propostas de formação em empresas.
Sabes quantas avançaram? Duas.

Ou seja, vida de freelancer é isto. Sondam-te. Falam. Há uma proposta. Agora vamos pensar.

2. Fazer orçamentos e contas à vida.

Outra parte fundamental do meu dia — e do meu negócio — passa por apresentar propostas.
E nisto a escrita tem MUUUUUUUUUITA importância.

A forma como envolvemos a pessoa a quem enviamos a proposta também ajuda na sua compreensão.

3. Reuniões (ao quilo).

Esta é uma das consequências naturais deste período pandémico — e parece-me que veio para ficar.
São reuniões a toda a hora.

E claro… tanta reunião que pode ser uma mensagem de WhatsApp.
Tanta reunião que pode ser um email.

Tanto Panda que morre por causa disto… Jesus!

4. Chamadas telefónicas (também a quilo) para marcar reuniões.

A ideia é a mesma do ponto 3, só que multiplicada por… eu sei lá, meninos.

Como é que ainda há tanta gente QUE NÃO PERCEBE QUE HÁ TANTA CHAMADA QUE PODE SER UM EMAIL??? Goooodddd!

Desculpa. Este ponto é particularmente delicado e sensível, pelo que é natural que me deixe ligeiramente alterado.

5. Gerir as finanças pessoais.

Para quem nunca foi incrível a Matemática, e Contabilidade é um conceito vago que deve ter sido inventado por egípcios mal dispostos, esta parte da vida de freelancer é muito dolorosa.

No entanto, não deixa de ser crucial para que a comida continue a aterrar em cima da mesa.

Ou seja, é preciso ter um bocadinho de contabilista em cima do ombro direito. Isso mesmo.

Gerir as nossas próprias finanças — já que não temos 2 meses iguais em termos de facturação —, obriga-nos a estar bem atentos ao que entra e ao que sai e fazer essa gestão da forma mais inteligente possível.

6. Ajudar parceiros e amigos.

É importante cuidar da rede de contactos e parceiros que construímos ao longo do tempo.

Por isso, tento nunca negar ajuda a quem ma pede.

Não são poucas vezes em que estou 20 minutos a conversar com um rapaz que me pede ajuda para perceber como é que eu giro os meus cursos.

O que é me custa? Nada.

E não fico nem mais pobre, nem mais cansado por causa disso. Pelo contrário.

Tomara eu que alguém me tivesse ajudado quando arranquei com esta loucura tão boa.

7. Tratar da contabilidade do meu negócio.

Este é um dos pesadelos desta vida de freelancer (pelo menos para mim, é) que vai acabar em breve.

Sim, decidi contratar os serviços abençoados de uma contabilista.

Ainda assim, vou continuar a gerir pagamentos, prazos, pressionar clientes que se esquecem que os pagamentos têm de ser feitos nas datas combinadas… enfim.

Faz-me perder os poucos cabelos que ainda me restam, mas a vida é assim mesmo.

8. Criar conteúdos todos os dias.

Pois bem, ora aqui está outra das missões difíceis da minha vida.

Criar conteúdos todos os dias não é brincadeira nenhuma.

Exige muito tempo de pesquisa, de pensamento, de cruzamento de informação, de reflexão, de escrita, de revisão, de planeamento e execução… credo!

Quando me ponho a escrever isto tudo até me assusto.

Pensavas que era só chegar ali e ligar o botão do cérebro para ver se saía alguma coisa de interessante?

Havia de ser bonito, havia.

Naaaaaaah! Não é assim e dá mesmo muito trabalho.

9. Estudar.

Esta é uma das partes mais incríveis de fazer o que faço. Aprender.

O que só se torna possível quando te comprometes com esse mesmo objectivo.

Para isso, tens de estudar. Não há por onde fugir, na verdade.

No entanto, aquilo que te posso dizer é que vai valer a pena!

Cada euro que gasto em livros dá-me a certeza de estar a investir num futuro melhor. Muito melhor.

10. Organizar as semanas e os processos em curso.

Trabalhar por conta própria dá-te uma série de capacidades de que só te apercebes mais tarde.

A quantidade de coisas que tens de fazer, sem ajuda de ninguém, dá-te a “estaleca” que separa os que querem dos que fazem.

Além disso, como não tens quem o faça por ti, tens mesmo de te organizar.

Estou a usar o ClickUp para essa parte. Recomendo (e muito, mesmo) mesmo que experimentes.

Consegues organizar tudo o que tens para fazer, os projectos, os prazos, as entregas, os follow ups. Tudo. É genial.

Para além disso, o Calendar — da Google — tornou-se a bússola dos meus dias.

11. Fazer follow-up das propostas que estão na rua.

Esta é outra das partes que ganha (e muito) com a utilização do ClickUp.

Fazer follow up é um dos momentos mais importantes da vida profissional de quem lida com propostas, pedidos de entrevistas, de orçamentos, etc.

Há uns dias lia um post da Rita Martins Amaral — que escreve por aqui — sobre a importância desta prática de acompanhamento das propostas que fazes.

É um investimento de tempo que procura aproximar-te daquela pessoa ou empresa. Por isso, vai em frente e faz follow up a todos os pedidos e propostas que envias. Vais ver que vale a pena.

12. Trabalhar às horas que for preciso trabalhar.

Emprego das 09:00 às 17:00? Ahahahahah. Esquece isso.

Essa vida acaba no dia em que decides que queres chegar mais longe, fazer mais coisas, ter um futuro diferente.

Acaba no dia em que decides que queres tentar ser uma voz de referência na área em que trabalhas.

Não há (quase, vá) horas definidas e fixas para nada.

Há gerir o trabalho que se tem, os prazos de entrega, as sobreposições (que, se tudo correr bem, vão acontecer às pazadas), as reuniões fora de horas, a produção de conteúdos… chega a ser a p*ta da loucura.

Mas é uma loucura bem recebida.

Afinal de contas, fui eu que procurei isto. Certo?

13. Gerir contas e clientes.

Aí está outra actividade dura e que exige concentração, responsabilidade, estrutura e processos que sejam capazes de responder às exigências de cada projecto.

É preciso ainda gerir a relação com os clientes, as suas sensibilidades, os prazos, as entregas. Tudo.

Quanto mais eficientes formos a tomar conta desta parte do negócio, melhor ele corre. Confia em mim.

14. Gerir prazos.

Era o que te dizia no ponto anterior.

Gerir prazos e entregas é uma parte fundamental do que fazemos.

Por isso, a melhor forma de te ajudares neste processo passa por utilizares uma ferramenta que te faça entregar o trabalho no prazo combinado.

Até porque…

NÃO HÁ NADA PIOR QUE FALHAR PRAZOS!

Again… ClickUp. Nem preciso de te dizer mais nada sobre a plataforma.

Vai espreitar e vê com os teus próprios olhos.

Deixa que eles se deslumbrem como aconteceu comigo.

15. Treinar (3.ª e 5.ª feira de manhã).

Aqui está um dos meus momentos preferidos da semana inteira.

Comecei a treinar em Janeiro, 2 vezes por semana, com um PT. Sim. Com um PT. Não. Não sou rico. Porra, até me cuspo só de pensar nesta ideia.

E faz toda a diferença. Em tudo.

Sou muito mais produtivo, mais focado, ando mais bem disposto, tenho mais energia, mais força, mais resistência.

Não há um único contra em fazer exercício físico.

Ainda para mais estou há 10 meses a treinar na rua, a respirar ar puro.

Depois de 2 confinamentos é uma benção poder continuar a fazer isto.

Se tivesse que escolher um conselho para te dar, talvez fosse este o escolhido: faz exercício.

Por ti. Pela tua cabeça. Pelos teus. Por tudo.

16. Ler e comentar posts no LinkedIn.

É uma das rotinas do meu dia. Porquê? Porque o LinkedIn é a minha maior fonte de negócio.

São quase 5 anos a investir nesta rede com partilha de conteúdos, de ideias, de oportunidades, de aprendizagens, de experiências, de histórias, de fórmulas, de workshops e formações, de novidades e soluções.

É, sem dúvida, um investimento que me traz resultados.

Quando, em 2017, comecei com esta “brincadeira”, nunca pensei que conseguisse chegar até aqui.

Por isso, sim. Dedico muito do meu tempo ao LinkedIn.

No meu lugar fazias o mesmo. Certo?

Era só estúpido se não o fizesse.

Dedico tempo a ler conteúdos dos outros, a comentar, a reagir, a lançar questões, a promover debates.

No fundo, a seguir com a missão que tracei em 2017 — tornar o LinkedIn em Portugal numa plataforma mais interessante. Menos cinzenta e aborrecida.

E… bem… Até que não está a correr mal de todo.

Já influenciei centenas de pessoas a escrever melhor, a dar mais destaque ao que escrevem, a mudar os títulos, sei lá. Tanta coisa.

Ver isso espelhado na forma como as pessoas hoje comunicam na plataforma é uma óptima recompensa.

17. Ter ideias.

Ora aqui está uma tarefa bem difícil quando tens 1000 coisas para fazer e outras 5 mil em que pensar.

Ahhhhh! E já agora, deixa-me dizer-te uma coisa: as ideias (pelo menos as boas) dificilmente nos chegam à mente quando passamos os dias alapados ao computador.

18. Discuti-las com amigos e parceiros.

Se não é a melhor parte de muito do que fazemos, é uma das melhores. Sem dúvida.

Poder debater pensamentos, ideias, conceitos, esclarecer dúvidas, levantar mais questões, ouvir o que os nossos amigos e companheiros de luta têm para nos dizer, o valor que conseguem acrescentar com os seus pontos de vista, tudo isto é um luxo que não tem preço.

Não estou a dizer isto para passar a mão pelo pêlo daqueles que se vão cruzar comigo. Nada disso.

Digo-o porque é aquilo que sinto e aquilo em que acredito.

Se ainda não o fazes, tens mesmo de começar a pensar no assunto.

Vai mudar (e muito) a tua forma de ver as coisas. Para muito melhor.

19. Rever (depois de já os ter escrito) todos os meus conteúdos.

É uma das partes + importantes de tudo o que faço, sobretudo porque tem uma importância decisiva na forma como trabalho.

A magia do que faço acontece, quase a 100%, no processo de edição.

Relemos, reescrevemos, lemos em voz alta para perceber se aquilo tudo faz sentido e cortamos a direito.
Sem dó nem Piedade.

Tudo em nome da superior clareza do que estamos a escrever.

20. Procurar temas de interesse e informação para a minha newsletter semanal.

Para fazer o cérebro trabalhar é preciso dar-lhe condições para que “o Homem” possa fazer aquilo que faz melhor.

No entanto, parece-me importante fazer aqui um ponto prévio:

  • Não tenho matraquilhos;
  • Não tenho mesa de pingue-pongue ou bilhar;
  • Também não tenho pufes desenhados por artistas nórdicos com nomes acabados em “ssen”;
  • Não bebo sumos detox;
  • Não fotografo as minhas refeições todos os dias;
  • Todos os dias (salvo raras excepções) vou levar e buscar a minha filha à escola;
  • Trabalho pra caraças, mas no final do dia consigo guardar tempo para a minha família.

Por isso…

Resta-me repetir um conselho que dou a muito gente:

Se estás com dúvidas sobre a tua vida e acreditas que passar a ser freelancer vai resolver todos os teus problemas e ser o ingrediente mágico que te vai salvar a vida… NÃO FAÇAS ISSO!!!!!!

  1. É preciso ter estômago.
  2. Tens de ter coragem em doses industriais.
  3. Vais ter de aprender (bem depressa) a lidar com o medo, a frustração, a insegurança e a instabilidade.
  4. Ou seja, é preciso ter força para aguentar isto tudo.

Se não tens a certeza absoluta de que és capaz, foge disto. Pela tua saúde.

Acredita que é bem mais fácil trabalhar numa empresa grande.
Na maior parte das vezes temos a papinha toda feita e temos pessoas para fazer cada um dos processos internos.

Não somos nós a fazer tudo… e mais qualquer coisa.

Por isso, da próxima vez que pensares que os freelas têm uma “granda vida”, bate na boca e lembra-te do que leste aqui.

Ahhhh! E não, não me estou a queixar. Longe de mim! 
Foi a melhor decisão que tomei na vida.

Não quero é que penses que isto é uma rebaldaria e que se faz, como se costuma dizer, com uma perna às costas.

Conheces alguém que está a pensar seguir esta via profissional?
Então partilha este artigo com essa pessoa.

Vais ver que vais ouvir — ou ler — um enorme: eishhh, obrigado.

Ou então não.

Seja como for, tenta. Tentar não custa.

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